segunda-feira, 23 de novembro de 2009

A importância da avaliação no processo de aprendizagem

Dadas as funções até recentemente assumidas de direcção de curso do 1º ciclo de estudos em ciências do Desporto da UBI, e preocupada com a optimização do processo de aprendizagem dos alunos, reflecti sobre o papel da avaliação na aprendizagem, ao nível do ensino universitário.
O ponto de partida para esta reflexão foi o trabalho do professor Anton Havnes, do Centre for Staff and Learning Development, Oslo University College, com o tema Examination and learning: An activity-theoretical analysis of the relationship between assessment and learning (pode ser consultado em http://www.leeds.ac.uk/educol/documents/00002238.htm).

Neste artigo o autor refere que os professores assumem que são as suas aulas e orientações pedagógicas que direccionam a aprendizagem dos alunos, mas de facto os alunos auto-orientam-se na aprendizagem relativamente aos aspectos sobre os quais vão ser avaliados. Assim, o que rege a aprendizagem é a avaliação, e não a “pedagogia” do professor.

No mesmo sentido, o Center for the Study of Higher Education (Austrália, endereço http://www.cshe.unimelb.edu.au/assessinglearning/05/index.html) reflecte sobre a diferente visão que a avaliação tem para os docentes e para os alunos, apresentado uma síntese na seguinte figura:


Assim, a avaliação tem de deixar de ser vista como uma ferramenta de controlo da aprendizagem (no sentido de avaliar o nível de aprendizagem dos conteúdos, por parte dos alunos), para passar a ser uma ferramenta pedagógica que melhora o próprio processo de aprendizagem.

A avaliação de conhecimentos no ensino universitário deve emergir das competências que os alunos devem adquirir, após o estudo de um determinado conteúdo curricular.
Essas competências devem ser claras para o estudante, que deve ter noção do que se espera dele, em termos da aprendizagem – deve compreender os resultados de aprendizagem esperados.

Assim, a avaliação de conhecimentos deve ter três objectivos base:
1. Orientar e motivar a aprendizagem, clarificando os resultados esperados;
2. “Medir” os resultados de aprendizagem de cada aluno
3. Ajudar a programar o volume de trabalho individual do aluno

Esta “nova” visão da avaliação exige uma adequação, por parte dos professores, que devem reflectir:

• O que é importante avaliar?
• Como se avalia?
• A avaliação feita permite aferir as competências que os estudantes devem desenvolver, neste conteúdo curricular?

Por outro lado, os alunos não podem alhear-se do processo de avaliação, devendo questionar-se:

• O que se espera que eu aprenda?
• Como vou ser avaliado?
• O volume de trabalho, das diferentes unidades curriculares é adequado, para a aprendizagem exigida?
• Os meios (literatura, bases de dados, orientação do docente, tipo de aulas) são adequados, face aos resultados de aprendizagem pretendidos?
• O tempo que estou disposto a investir é suficiente para desenvolver as competências pretendidas?
• Como vou planificar o trabalho de modo a optimizar a aprendizagem?

Concluindo, se quer os docentes quer os estudantes passarem a ver a avaliação como um meio facilitador da aprendizagem, podem emergir duas vantagens: a primeira é que se adquiram mais facilmente as competências desejadas, por se tornarem mais claras para os alunos, uma vez que são especificamente essas competências o objecto da avaliação; a segunda possibilitar que os resultados da avaliação reflictam mais fielmente a aprendizagem individual, no âmbito das competências definidas.



Dulce Esteves, Ph.D.
Professor and Researcher
Sports Science Department
University of Beira Interior
Covilhã - Portugal
Tel: +351 275 329 153; Fax: +351 275 320 695
Email: desteves@ubi.pt

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